SOBRE A LETRA CURSIVA....
VALE A LEITURA, PROFESSORAS!
Fazer ou não fazer caligrafia?
Este assunto tem trazido, há algum tempo, inquietação aos pais e professores, que se sentem confusos em como proceder mediante um estudante com uma letra feia, ilegível, prejudicando o entendimento em tarefas escolares e avaliações.
A caligrafia era usada no ensino tradicional, mas foi praticamente banida quando o construtivismo chegou às escolas, defendendo que é a criança que constrói o seu conhecimento e deve sentir-se livre para que se aproprie deste conhecimento.
Algo, no entanto, não ficou bem esclarecido inicialmente aos professores que adotaram esta teoria em sua prática, generalizando os procedimento sem critérios, e é neste aspecto que vou procurar esclarecer porque sou a favor da caligrafia, porém com uso criterioso.
A criança quando inicia o ano de alfabetização já deve ter se apropriado do alfabeto, que foi trabalhado no ano anterior, e estar escrevendo as letras em bastão. Normalmente a escrita com letra bastão ainda é irregular e não deve ser motivo de preocupação, pois nesta fase a criança ainda não tem coordenação motora fina bem estabelecida, devido à imaturidade, e é normal que a letra fique com dimensão espacial irregular. As letras cursivas só deverão ser inseridas no segundo semestre do primeiro ano, quando se espera que as crianças já tenham se apropriado do alfabeto, já possuam consciência dos fonemas, já façam a relação grafema-fonema e já se encontrem na fase silábico-alfabética, ou seja quase lendo, embora muitas já estejam lendo neste período. Neste momento não é indicado uso da caligrafia, pois é normal que a escrita das letras tenham dimensões grandes, e isto é absolutamente aceitável, não devendo sofrer nenhum tipo de tentativa de ajuste por parte dos pais e professores nesta fase inicial de apropriação.
Entretanto a professora já deve ensinar o movimento correto das letras, ou seja o vai e volta, mas para isto a criança já deve estar fazendo esta relação grafema-fonema, do contrário, se a criança estiver imatura ou ela vai prestar atenção na relação dos sons ou vai prestar atenção neste movimento, o que dificultará sua apropriação, podendo interferir no processo da lecto-escrita. É por isto que as letras cursivas não podem ser ensinadas aos quatro ou cinco anos de idade como já vi muitas escolas fazerem. O ensino precoce, quando a criança ainda não tem maturidade para esta aprendizagem, poderá gerar inquietação, rejeição, desatenção e quando estiver na fase de alfabetização estará tão desestimulada que seu processo de aprendizagem de leitura e escrita sofrerá interferências podendo levar a dificuldades ao longo do ensino fundamental, sendo confundido inclusive com dislexia (leitura) ou disgrafia (escrita).
Ao final do primeiro ano, espera-se que a criança esteja escrevendo a letra cursiva, que foi trabalhada desde o segundo semestre, com os movimentos corretos para que a escrita se torne ágil ao longo de sua vida acadêmica, entretanto sabemos que algumas crianças possuem um ritmo diferenciado, e é este outro aspecto que quero chamar atenção.
Devemos procurar identificar, o motivo pelo qual a criança não conseguiu se apropriar destes movimentos para a escrita cursiva. Existem diversos fatores que poderão interferir como: imaturidade cognitiva, desmotivação, problemas emocionais graves, imaturidade motora, dentre outros. Por que é importante identificar? Porque cada situação deverá ser trabalhada de maneira diferenciada, com profissional adequado a cada situação.
A imaturidade motora deverá ser trabalhada por um psicomotricista ou psicopedagogo que faça atividades com praxia manual e, a depender da gravidade, com Terapeuta Ocupacional. Para a imaturidade cognitiva a criança deverá ser submetida a estimulação que poderá ser com psicopedagogo. Já para os problemas emocionais e desmotivação o ideal é que receba ajuda de psicólogo especializado em crianças.
A caligrafia só deverá ser usada com as crianças que já passaram da fase de alfabetização, já entraram no segundo ano (antiga 1ª série), e ainda estão com a dimensão das letras muito irregulares, grandes demais, pois nesta fase já estarão realizando escrita no caderno e é necessário organização para seus estudos, do contrário ficará confuso e nem ele mesmo irá entender o que escreveu, prejudicando seu rendimento escolar.
Se a criança tiver recebido orientação na fase de alfabetização acerca dos movimentos das letras, a caligrafia só será usada para redimensionar estas letras, no entanto se ela não lembra deste movimentos é importante que isto também seja trabalhado.
Muitos recursos poderão ser usados para apreensão deste movimento, para que somente o uso da caligrafia não fique cansativo. A criança poderá ser convidade a realizar a escrita em caixa de areia, caixa com sal ou caixa com arroz, poderá realizar os movimento até na hora do banho no blindex passando sabão e escrevendo as letras, os adultos poderão escrever as letras cursivas em lixas de parede e pedir que a criança siga o movimento com os dedos depois faça o movimento na areia e depois na caligrafia. São muitas as possibilidades terapêuticas de reabilitação para a escrita de maneira lúdica e atraente.
É necessário alertar que existem distúrbios como a disgrafia, que é um distúrbio da escrita, que muitas vezes vem associado à dislexia, e que não é tão simples de ser tratado. A disgrafia não é só a letra feia, é também a dificuldade de lembrar-se da forma da letra, que dificulta inclusive a leitura e que muitas vezes vem junto com uma dispraxia, o que interfere na praxia motora ocasionando prejuízos na escrita.
Neste caso o trabalho deverá ser intenso, com psicopedagogo, psicomotricista, compreensão e colaboração da escola, e também de pais no sentido de evitar críticas e solicitações de apagar e fazer várias vezes, gerando angústia e baixa auto-estima na criança.
O que se espera com este trabalho não é que o aluno fique com uma letra perfeita, mas que a letra fique suficientemente legível nas suas atividades e avaliações, facilitando seus estudos e rendimento escolar.
Escrito por: Simaia Sampaio - psicopedagoga, neuropsicóloga e realiza avaliação e tratamento de dificuldades e distúrbios de aprendizagem.
SOBRE A LETRA CURSIVA....
VALE A LEITURA, PROFESSORAS!
Fazer ou não fazer caligrafia?
Este assunto tem trazido, há algum tempo, inquietação aos pais e professores, que se sentem confusos em como proceder mediante um estudante com uma letra feia, ilegível, prejudicando o entendimento em tarefas escolares e avaliações.
A caligrafia era usada no ensino tradicional, mas foi praticamente banida quando o construtivismo chegou às escolas, defendendo que é a criança que constrói o seu conhecimento e deve sentir-se livre para que se aproprie deste conhecimento.
Algo, no entanto, não ficou bem esclarecido inicialmente aos professores que adotaram esta teoria em sua prática, generalizando os procedimento sem critérios, e é neste aspecto que vou procurar esclarecer porque sou a favor da caligrafia, porém com uso criterioso.
A criança quando inicia o ano de alfabetização já deve ter se apropriado do alfabeto, que foi trabalhado no ano anterior, e estar escrevendo as letras em bastão. Normalmente a escrita com letra bastão ainda é irregular e não deve ser motivo de preocupação, pois nesta fase a criança ainda não tem coordenação motora fina bem estabelecida, devido à imaturidade, e é normal que a letra fique com dimensão espacial irregular. As letras cursivas só deverão ser inseridas no segundo semestre do primeiro ano, quando se espera que as crianças já tenham se apropriado do alfabeto, já possuam consciência dos fonemas, já façam a relação grafema-fonema e já se encontrem na fase silábico-alfabética, ou seja quase lendo, embora muitas já estejam lendo neste período. Neste momento não é indicado uso da caligrafia, pois é normal que a escrita das letras tenham dimensões grandes, e isto é absolutamente aceitável, não devendo sofrer nenhum tipo de tentativa de ajuste por parte dos pais e professores nesta fase inicial de apropriação.
Entretanto a professora já deve ensinar o movimento correto das letras, ou seja o vai e volta, mas para isto a criança já deve estar fazendo esta relação grafema-fonema, do contrário, se a criança estiver imatura ou ela vai prestar atenção na relação dos sons ou vai prestar atenção neste movimento, o que dificultará sua apropriação, podendo interferir no processo da lecto-escrita. É por isto que as letras cursivas não podem ser ensinadas aos quatro ou cinco anos de idade como já vi muitas escolas fazerem. O ensino precoce, quando a criança ainda não tem maturidade para esta aprendizagem, poderá gerar inquietação, rejeição, desatenção e quando estiver na fase de alfabetização estará tão desestimulada que seu processo de aprendizagem de leitura e escrita sofrerá interferências podendo levar a dificuldades ao longo do ensino fundamental, sendo confundido inclusive com dislexia (leitura) ou disgrafia (escrita).
Ao final do primeiro ano, espera-se que a criança esteja escrevendo a letra cursiva, que foi trabalhada desde o segundo semestre, com os movimentos corretos para que a escrita se torne ágil ao longo de sua vida acadêmica, entretanto sabemos que algumas crianças possuem um ritmo diferenciado, e é este outro aspecto que quero chamar atenção.
Devemos procurar identificar, o motivo pelo qual a criança não conseguiu se apropriar destes movimentos para a escrita cursiva. Existem diversos fatores que poderão interferir como: imaturidade cognitiva, desmotivação, problemas emocionais graves, imaturidade motora, dentre outros. Por que é importante identificar? Porque cada situação deverá ser trabalhada de maneira diferenciada, com profissional adequado a cada situação.
A imaturidade motora deverá ser trabalhada por um psicomotricista ou psicopedagogo que faça atividades com praxia manual e, a depender da gravidade, com Terapeuta Ocupacional. Para a imaturidade cognitiva a criança deverá ser submetida a estimulação que poderá ser com psicopedagogo. Já para os problemas emocionais e desmotivação o ideal é que receba ajuda de psicólogo especializado em crianças.
A caligrafia só deverá ser usada com as crianças que já passaram da fase de alfabetização, já entraram no segundo ano (antiga 1ª série), e ainda estão com a dimensão das letras muito irregulares, grandes demais, pois nesta fase já estarão realizando escrita no caderno e é necessário organização para seus estudos, do contrário ficará confuso e nem ele mesmo irá entender o que escreveu, prejudicando seu rendimento escolar.
Se a criança tiver recebido orientação na fase de alfabetização acerca dos movimentos das letras, a caligrafia só será usada para redimensionar estas letras, no entanto se ela não lembra deste movimentos é importante que isto também seja trabalhado.
Muitos recursos poderão ser usados para apreensão deste movimento, para que somente o uso da caligrafia não fique cansativo. A criança poderá ser convidade a realizar a escrita em caixa de areia, caixa com sal ou caixa com arroz, poderá realizar os movimento até na hora do banho no blindex passando sabão e escrevendo as letras, os adultos poderão escrever as letras cursivas em lixas de parede e pedir que a criança siga o movimento com os dedos depois faça o movimento na areia e depois na caligrafia. São muitas as possibilidades terapêuticas de reabilitação para a escrita de maneira lúdica e atraente.
É necessário alertar que existem distúrbios como a disgrafia, que é um distúrbio da escrita, que muitas vezes vem associado à dislexia, e que não é tão simples de ser tratado. A disgrafia não é só a letra feia, é também a dificuldade de lembrar-se da forma da letra, que dificulta inclusive a leitura e que muitas vezes vem junto com uma dispraxia, o que interfere na praxia motora ocasionando prejuízos na escrita.
Neste caso o trabalho deverá ser intenso, com psicopedagogo, psicomotricista, compreensão e colaboração da escola, e também de pais no sentido de evitar críticas e solicitações de apagar e fazer várias vezes, gerando angústia e baixa auto-estima na criança.
O que se espera com este trabalho não é que o aluno fique com uma letra perfeita, mas que a letra fique suficientemente legível nas suas atividades e avaliações, facilitando seus estudos e rendimento escolar.
Escrito por: Simaia Sampaio - psicopedagoga, neuropsicóloga e realiza avaliação e tratamento de dificuldades e distúrbios de aprendizagem.
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